A conversa teve início no
meio do expediente mesmo, quando estavam parados abastecendo a viatura. Moma
foi direto:
— Quantas vezes eu me
intrometo nos seus procedimentos? Quantas vezes eu te interrompo ou questiono o
que está fazendo?
— Olha Moma, eu sei qu…
— Não! Não sabe! Se soubesse
não faria o que faz. O seu trabalho tem alto nível de estresse. Mas o meu
trabalho também tem uma auto nível de estresse. Um erro seu e uma vida está em
risco. Um erro meu e três vidas estão em risco.
— Moma! — Ela falou mais
alto — Não estou bem. Principalmente nesses últimos dias, e…
— Espere! Espere! — Ele
falou mais alto ainda — O que um paciente que está morrendo tem com isso? Você quer
que um moribundo te diga algo tranquilizante? De acalentador?
— Sou humana, tenho os meus
momentos.
— Eu sou humano! Eles também
são humanos! E não podem pagar com a vida por seus “momentos de fragilidade”,
sua babaca egoísta! Idiota! Irresponsável!
Moma sentia a boca salivando
e a face quente por causa da ira momentânea. Ele se recompôs, encostando na
ambulância e sob o olhar da médica.
— Você vai me denunciar? —
Samara tinha essa preocupação.
Ele a olhou pouco
questionador.
— Faça o seu trabalho e não
interfira no meu.
Ele entrou na viatura e se
comunicou com a central, avisando que estavam prontos. As palavras deixaram a médica
mais calma. Ao menos por aqueles instantes.
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