Boin - Capítulo 026



A conversa teve início no meio do expediente mesmo, quando estavam parados abastecendo a viatura. Moma foi direto:
— Quantas vezes eu me intrometo nos seus procedimentos? Quantas vezes eu te interrompo ou questiono o que está fazendo?
— Olha Moma, eu sei qu…
— Não! Não sabe! Se soubesse não faria o que faz. O seu trabalho tem alto nível de estresse. Mas o meu trabalho também tem uma auto nível de estresse. Um erro seu e uma vida está em risco. Um erro meu e três vidas estão em risco.
— Moma! — Ela falou mais alto — Não estou bem. Principalmente nesses últimos dias, e…
— Espere! Espere! — Ele falou mais alto ainda — O que um paciente que está morrendo tem com isso? Você quer que um moribundo te diga algo tranquilizante? De acalentador?

— Sou humana, tenho os meus momentos.
— Eu sou humano! Eles também são humanos! E não podem pagar com a vida por seus “momentos de fragilidade”, sua babaca egoísta! Idiota! Irresponsável!
Moma sentia a boca salivando e a face quente por causa da ira momentânea. Ele se recompôs, encostando na ambulância e sob o olhar da médica.
— Você vai me denunciar? — Samara tinha essa preocupação.
Ele a olhou pouco questionador.
— Faça o seu trabalho e não interfira no meu.
Ele entrou na viatura e se comunicou com a central, avisando que estavam prontos. As palavras deixaram a médica mais calma. Ao menos por aqueles instantes.

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MI Bahrteau - 006

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