Ehso - Capítulo 009


Marcos até gostaria mas, para ajudar Nogueira, certamente perderia tempo e poder de fogo durante o jogo de suas conquistas.
— Daquele tamanhão e com problema para cantar mulher? É demais mesmo.
Mas no fundo, ele pensava em alguma forma de auxiliar o colega, desde que não saísse prejudicado. Até porque era Nogueira quem cobria as suas faltas e atrasos, que não eram poucos. Em reuniões, viagens, apresentações, quando Marcos faltava, Nogueira assumia. Havia muita integração profissional entre os dois. Se conheceram em salas de cursos virtuais e, com o tempo e afinidades, descobriram estar próximos e Marcos, sabedor das suas necessidades e as da empresa, conversou com a proprietária e fizeram a proposta ao rapaz.
Nogueira era um negro parrudo e um pouco cafona em sua forma de se vestir. Tinha um jeito pouco abrutalhado de início mas, após alguns minutos de conversa, era possível perceber que era uma pessoa interessante e muito agradável. Ele também era mais especializado que Marcos, porém mais introvertido, o que lhe atrapalhava a ascensão.
Na tentativa de mantê-lo mais fidelizado, Marcos teve a ideia:
“— Vista a sua melhor roupa e me encontre às 23 horas na frente da Maguzelê. Pode ser?”
“— Claro! Tá marcado.”
Agora, faltando 30 minutos para às 23 horas, Marcos dava os últimos retoques antes de sair de casa. Frente ao espelho, conferiu os dentes; borrifou o perfume importado; uma passada de gel facial; o cabelo jogado de lado. Abriu um botão da camisa e jogou o paletó sobre o ombro direito.
“Hora da diversão!” — Pensou desligando as luzes e saindo de casa.
Quando entrou no carro e apertou o botão do portão eletrônico, percebeu um veículo na calçada da casa, obstruindo sua passagem. De imediato reconheceu o carro. Mesmo assim ligou e deu ré, parando o para-choques a pouco mais de 20 centímetros da traseira do sedã branco. Acelerou e desceu do veículo. Aurélio e Amália permaneciam no veículo e estavam assustados:
— Está louco? — Questionou o rapaz.
Marcos se abaixou perto de Amália, falando pouco baixo, quase para si:
— Demente? Retardado? Mongolóide?...
— O que está dizendo? — Ela quis saber.
— Estou tentando descobrir qual o problema que o viado do seu namorado tem.
Ela corou de imediato.
— Como é que é? — Aurélio estava indignado.
— Isso mesmo, seu palerma! Tira a porra do carro da frente da minha garagem! Imbecil!
Marcos estava completamente impaciente. Entrou no carro batendo a porta, e se Aurélio não retirasse o veículo imediatamente, seria atingido na lateral. Enquanto o portão fechava, Marcos parou ao lado do casal:
— Ei! — Apontou para Amália — Cuidado! As crianças podem nascer com a mesma deficiência do pai, hein!?
E saiu cantando pneus. Aquele não foi um bom presságio para o início de noite.

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