O ano avançava e, na outra semana, Rainen se apresentaria para o
alistamento. Sua mãe ficava cada vez mais próxima a ele, enquanto seu pai se
afastava mais e mais.
— Mãe, está tudo bem entre vocês?
— Sim, seu pai só anda preocupado com as demissões que ocorrem na
empresa.
— Ele corre risco de ser demitido?
— Todos estão ameaçados.
— Isso é horrível. — O rapaz se incomodou.
— Mas não se preocupe, meu filho. Não se preocupe. Mantenha o foco
nos estudos.
— Diante da situação, não é tão fácil, mãe.
— Apenas faça o que tem que fazer.
— Tudo bem! — Não queria criar mais aquele inconveniente para os
pais. — Estou indo pra aula.
— Até mais.
A tensão era grande sobre Onofre, a possibilidade de perder a
fonte de renda o deixava emocionalmente instável. Para relaxar, ele passou a
frequentar happy hour[1]
com os colegas do trabalho. Eram encontros para beber e jogar sinuca, mas ele
tinha o cuidado de retornar para casa entre 20h30 e 21h. Letícia não gostou
muito de início.
— Eu preciso disso — ele dizia.
E ela não o proibiu, mas se preocupou quando o esposo passou a
chegar mais tarde e mais embriagado. Ele só não ultrapassava o horário de
chegada do filho, que saía do curso técnico às 22h40. Não queria aparecer
daquele jeito diante do rapaz.
Letícia se sentia abandonada, contudo não
importunava o esposo, ao contrário, tentava, de todas as formas, animá-lo e
reconfortá-lo. Ao seu modo, ela batalhava.
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