Eram 4h da madrugada quando
o telefone tocou na mesinha da sala. Nas duas primeiras vezes Pedro tentou
ignorar, mas depois na terceira, não conseguiu mais.
— Droga! Será que não dá pra
dormir em paz? — Puxou o fone do gancho com raiva, e a voz demonstrou isso: —
Alô!
— Pedro! Um taxi tá indo aí
te buscar agora! — Ele reconheceu a voz. Era o Enéas, sub-gerente de operações.
— Rápido!
Ele não teve tempo de
questionar, pois o homem do outro lado da linha desligou.
— Droga! Droga! — Quando
terminou de vestir a calça, lá embaixo a buzina tocou. Ele apareceu na janela
gritando. — Tô indo! Tô indo!
Ainda abotoando a camisa, desceu
as escadas como um raio. Em segundos o veículo saia rumo à empresa. No seu
interior, Pedro terminava de fechar os botões da camisa, e encontrou outros três
funcionários que não via fazia algum tempo: Julião, Marinho e Aoléu.
— Caramba! O que aconteceu
pessoal?
— Desconfio que não vai ser
nada como aumento salarial ou diminuição de jornada de trabalho. — Julião
sorriu exibindo os grandes dentes pouco amarelados.
— Que intelecto! Que
intelecto! — Marinho olhava pela janela para uma madrugada nebulosa.
— Então você deve saber a
resposta, né espertalhão? — Aoléu foi incisivo. Não gostava muito de Marinho.
— É fácil. Deu alguma merda
gigantesca, e o banco não fica no prejuízo. A coisa certamente terá de ser
arrumada custe o que custar… — ele olhou para o grupo no interior do veículo —
E o custo será o nosso sacrifício.
No percurso eles perceberam
viaturas de polícia passando em grande velocidade. Em 5 minutos eles entravam
no pátio da empresa. Ali estava praticamente toda a equipe de funcionários. Eles
se juntaram ao grupo.
— Obrigado pela presteza,
senhores. — Eneas começou. — Como alguns já sabem, dois bancos foram invadidos
e tiveram caixas eletrônicos explodidos. Pela informação dada pelo servidor de
rede, ao menos 75 deles estão desconectados.
Um murmúrio começou entre os
funcionários.
— Tenham calma, rapazes.
Calma. Não sabemos exatamente qual é o estado dos equipamentos, apenas da
desconexão, então não adianta se desesperar. A perícia está no local e, dentro
de alguns minutos, liberarão nosso acesso aos equipamentos.
“75 terminais é um número
muito grande.” — Pedro calculou um pouco pessimista. — “Sem contar que a equipe
está menor por conta dos cortes de pessoal. Meu Deus!”
— Nós temos um prazo contratual
para deixar esses equipamentos funcionando. O que vai demandar de sacrifício de
todos nós. — Ele próprio vestiu um jaleco e pegou o cinto de ferramentas. —
Vamos lá!
Em 13 minutos veio a ligação
liberando para que a empresa iniciasse os trabalhos. Foi um dia insano.
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