Nigaeet ainda estava
impressionado com o vislumbre do poder. Ainda estudava e analisava cada
movimento, cada palavra. E tinha um entendimento:
“Se trata do verdadeiro Poder.”
Mas uma dúvida vinha atrelada:
“Mas com que intento?”
Diante da imensa pedra de
coloração âmbar a dúvida reverberava em sua mente.
— Senhor, eis-me aqui.
Nigaeet voltou a si.
— Drodemodd inicie a acomodação e os estudos imediatamente.
— Senhor, esse objeto não quer
passar pelos portões.
— Como não.
— Veja.
De dentro do Inferno grandes
demônios puxavam a corrente sem conseguir mover um milímetro da rocha.
“Mais essa.” — E questionou —
Não entra por quê?
Drodemodd se aproximou da pedra
e tentou tocá-la.
— A pedra resiste ao nosso tipo
de energia.
— Como é que é?
— Exatamente, secretário. Ela
não vai entrar em nossos domínios.
Debaixo do imenso arco do
portão Dorunnor, Nigaeet deu dois passos para trás e olhou para os lados, vendo
a imponente estrutura do muro de Omarezor.
“Isso não pode ficar aqui.” — e
comandou: — Mande que arrastem para o lado esquerdo.
Drodemodd ordenou e os grandes
demônios puxaram as grossas correntes e forçaram o objeto, que se moveu naquela
direção.
— Conseguimos, Nigaeet.
— Ótimo. Agora esperem.
Com alguns movimentos de suas
mãos, como se fizesse um encantamento, a parede do arco se descamou, abrindo
uma passagem.
— Levem-no para dentro.
Assim que foi feito, um novo
movimento de mãos e as pedras novamente se descamaram, fechando a passagem.
Omarezor, o muro de contenção
do Inferno, era uma obra-prima da engenharia que, além de ter altíssima
resistência possuía vários segredos. Um desses segredos, e que poucos
conheciam, eram que havia vãos dentro do muro. Sim. A maioria dos demônios
achava que o muro era totalmente maciço sem qualquer espaço mas, em
determinados pontos, havia espaços ocos que formavam amplas galerias. Foi para
uma dessas posições que Nigaeet levou o grande artefato rochoso.
Enquanto Drodemodd fazia a acomodação
do objeto e a preparação dos equipamentos, Nigaeet repensava sobre o que vira
ainda no campo de batalha da Terra. Ou o que pode ver, conforme a percepção de
Lúcifer, que refreou o seu ímpeto.
“Ela é extremamente poderosa.
Mas porque constituir um ser e lhe dar tanto poder, tanto acesso?”
As constatações e dúvidas, para
ele mesmo, pareciam assombrosas.
“Dizimou milhões de demônios em
minutos. Quem faria frente a um poder tão titânico?”
Drodemodd se aproximou
avisando:
— Nós vamos começar por um
período de observação. Depois faremos os… — Drodemodd parou de falar ao ver
Nigaeet tão absorto. — Secretário? Secretário!
— Sim.
— Vamos observar o objeto e
depois iniciar os testes.
— Ótimo.
— Eu trarei mais alguns
equipamentos…
— Espere. Não quero que fiquem
saindo e entrando nessa posição com peças e equipamentos. Vai chamar a atenção.
— Nigaeet, a atenção já foi
chamada. O portão foi aberto para tentarmos acomodar isso. Demônios usaram
muito poder para tentar arrastá-lo. Tirá-lo de vista é uma boa jogada mas,
nesse momento, as informações estão circulando no Inferno. É uma questão de
tempo para que cheguem até nós.
— Tente trabalhar com o mínimo
de pessoal e chamar o menos de atenção.
— Farei como me pede.
— Eu vou deslocar algumas
legiões da Guarda Luciferiana para esse setor.
— Não recomendo.
— Explique-se.
— Se verem a GL aqui vão ter
certeza de que há alguma coisa.
Nigaeet ponderou.
— Não se eles estiverem fazendo
exercícios militares.
— Mas nesse círculo?
— Posso alegar uma “preparação
ampla, visando qualquer tipo de inimigo”.
— Pode funcionar.
— Então continue o trabalho.
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