— Amália, por favor, me
desculpe. — Romano estava realmente sem graça.
— Sem problema.
Ela vasculhava o local. No
lote havia o barraco de fundos e a casa de frente. Tudo ligeiramente modesto.
Construções quase originais de quando a cidade fora construída. Aquele ar
pitoresco, de certo modo, agradou a garota. No barraco de fundo eram um quarto,
uma sala, uma cozinha e o banheiro. Frente à cozinha, do lado de fora, havia uma
pequena cobertura sobre os tanques e um lugar preparado para receber uma
máquina de lavar. Entre as duas casas havia uma área comum, e o corredor de
acesso aos fundos, que tinha um portão com tranca. Ela gostou.
Junto a Amália e Romano, estavam
Aurélio e Lurdes, que ficaram muito felizes em conhece-la.
— É que esperávamos um
imóvel mais próximo da congregação, e em melhores condições.
— Olha, sinceramente, eu
gostei desse. A mobília é simples e está em boas condições e, sendo pequeno, é mais
fácil de ser limpo. No mais, acho que a igreja fica até perto, e a caminhada me
fará bem. — Havia positivismo em sua voz.
— Vendo por esses aspectos,
você tem razão. Pena é que foi tudo tão rápido. Eu queria dar uma terceira mão
de tinta.
— Mas eu trouxe a tinta. —
Aurélio apontou para o galão.
— Tranquilo, Romano. Quando
tiver um tempo, eu mesmo pinto.
— Que bom que você gostou e
vai ficar. Eu moro a duas quadras daqui. — Avisou Lurdes.
— Eu moro um pouco mais
longe. Mesmo assim, se precisar, é só me ligar que venho voando. — Avisou
Aurélio.
Romano riu com a fala do
rapaz e, quando diria algo referente, ouviram buzinadas:
— Será que é o morador da
frente?
— Acredito que sim, vou lá
olhar. — Se prontificou Aurélio.
Enquanto visualizavam alguns
detalhes do imóvel, ouviram o motor do carro ligando e desligando; o barulho do
portão sendo aberto; um carro estacionou; o portão foi fechado. Em seguida, um
diálogo mais acalorado. Foi o suficiente para o grupo ir até lá fora:
— O que está acontecendo?
Boa noite! — Saudou Romano.
— Boa noite! Não está
acontecendo nada. Mas é uma sacanagem estacionar um carro na frente de uma
garagem.
— Já pedi desculpas! Na
pressa, não percebi.
— Muito fácil pedir
desculpas depois que já me fez perder tempo. — O rapaz retirava vários objetos
de dentro do veículo — Mas é assim mesmo. Não é nada contigo, então não tem
problema, não é?!
Bateu a porta do carro e
entrou para a residência, sob o olhar dos presentes.
— É, nem tudo serão flores,
Amália.
— Não se preocupe. Esse inquilino
não é frequente em casa. Geralmente chega e sai tarde. — Pontuou Aurélio.
“Tomara” — pensou a garota.
— Bem, preciso ir, tenho
pendências para resolver no templo.
— Tudo bem, Romano. E
obrigada pela ajuda de vocês. — Disse Amália, acompanhando o grupo até o portão,
e se despedindo.
Ao retornar, entrou e
trancou tudo. Um banho morno a relaxou; vestida num pijama pouco justo, sacudiu
o colchão e estendeu um lençol limpo; a breve oração foi feita instantes antes
de apagar.
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