Ardes - Capítulo 042


Uma coisa ele sabia: bancos cumprem rigorosamente o horário de funcionamento. Por isso optou por estar lá logo cedo. Só não contava que aquele fosse o dia de recebimento de pensões e aposentadorias, ou seja, o banco estava lotado. Mas não teve problema, ele era um dos primeiros da fila. Quando abriram as portas, ele pegou a senha e foi a um dos caixas, entregando o cheque:
— Saque ou depósito? — perguntou o rapaz.
— Saque — respondeu Onofre.
Sem mais questionamentos, o atendente digitou os números, passou o cheque no leitor de código e, após a validação, entregou o maço de notas para Onofre, que, após a conferência, pediu um envelope e as guardou.
Na parte externa da agência, um rapaz de blusa branca e calça jeans observava tudo e viu a contagem das cédulas. Ele observou o caixa entregando as notas dentro de um envelope pardo a Onofre e saiu para se encontrar com outro jovem, este de blusa azul, usando capacete e sobre uma moto. Ele ligou o veículo e ambos aguardaram.

Quando ia saindo do caixa, Onofre perguntou sobre o banheiro. O rapaz apontou para a lateral e ele seguiu para lá. Quando retornou e saiu do banco, era perceptível que havia algo volumoso em seu bolso. Na rua, ele caminhou acelerado e logo entrou num beco pensando se tratar de um atalho. E seria, contudo também era um bom local para uma emboscada.
Logo ele foi alcançado pelos motoqueiros. O de camisa branca, que vinha na garupa, mostrou a arma e apontou para o volume no bolso de Onofre. Sem alternativa, ele entregou o envelope pardo e os bandidos aceleraram, fugindo do local. Desorientado com tudo aquilo, ele levou um tempo para voltar a si. As poucas pessoas que viram a ação a distância pediram que ele fosse até a delegacia e registrasse a ocorrência. Ele chamou um táxi e saiu dali o mais rápido possível.
Enquanto os bandidos chegavam ao esconderijo, do outro lado da cidade, Onofre chegava à sua residência. Ele tinha o semblante abatido, quase deprimido. Vasculhou os cômodos e viu que Letícia não estava em casa.
“É provável que esteja na casa de alguma conhecida. Melhor assim.”
Passou pela cozinha e viu que havia panelas sobre o fogão, isso o apeteceu. A esposa cozinhava muito bem.
“Mas antes, o quarto.”
E foi para lá. Talvez um banho o animasse.
Na casa abandonada, os dois assaltantes também entravam em um quarto e, agora, abriam o envelope pardo. Os sorrisos sumiram de seus rostos quando encontraram um punhado de papel toalha dobrado, ocupando o lugar do dinheiro.
Naquele instante, Onofre retirava os maços de notas de dentro dos largos bolsos de um short que vestia sob a calça.
“Muito dinheiro para carregar à vista”, pensou sorrindo.

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