Mirtis tinha um problema
sério: desejo de ascensão. Que não seria problema se fosse de modo comedido,
mas não era. A garota agia de maneira agressiva, quase inconsequente, fazendo o
que fosse necessário para subir. Entrou na empresa Pipag Automação Bancária como
estagiária. Nessa função teve tempo suficiente para estudar quem iria derrubar
e selecionou Jaqueline, a auxiliar financeira. Não foi difícil. A garota era
pouco simplória e acreditava em quase tudo o que lhe falavam, inclusive que era
muito inteligente e que merecia algo melhor que aquele emprego. Ela pediu
demissão sem pestanejar. Em alguns meses na nova função, Mirtis mirou em Parconi,
o assistente do setor financeiro. Esse deu um pouco mais de trabalho mas,
depois que assinou documentos que não deveria a situação dele se tornou difícil.
Ele ficou maluco quando viu sua rubrica nos papéis.
— Juro que não fui eu. — Ainda
tentou esclarecer à época.
Mas a situação se tornou insustentável para ele quando encontraram um maço de notas em um envelope dentro do seu armário. Nele, o timbre da principal empresa concorrente, a Gobat. Foi demitido por justa causa.
A verdade é que aqueles
foram pequenos testes para Mirtis, ela almejava algo maior, mais estruturado.
Queria a sub-gerência financeira da empresa, que estava a cargo de A. C.
Raposo, e para isso precisaria de algo grande para chamar a atenção da cúpula.
Sendo assim, ajustou um plano de reestruturação e cortes financeiros, o qual
entregou para Raposo, o atual sub-gerente. Ele inspecionou a documentação e
toda a proposição e deu o seu aval. O que muito provavelmente ele não sabia é
que Mirtis tinha um segundo plano para deteriorar o primeiro, minar Raposo, e
ainda sair da situação como a “salvadora”, derrubando-o do cargo. E isso já
estava em andamento. Contudo, isso esbarrava em um pequeno problema:
“Pedro.”
O nome veio à sua mente
quando sorveu mais uma dose de vinho. Ela sabia que o rapaz era respeitado e considerado
pela equipe, que o tinha como exemplo. Ao seu lado lutariam para que a empresa
se mantivesse sólida, além do que teria as suas solicitações ouvidas, caso
chegasse à cúpula.
“Caso…”
Mirtis sabia que o
sub-gerente de operações, Enéas, sempre ficaria ao lado de Pedro, mantendo essa
ponte de comunicação com a presidência. Ela precisaria acabar com isso para
alcançar o seu objetivo. Seria impossível atacar Pedro e Enéas abertamente.
“Um passo de cada vez.”
Em sua mente Mirtis
preparava um conjunto de medidas que, inconscientemente, já aplicava contra o
rapaz. Precisava apenas que fossem mais objetivas.
— Eu vou derrubar esses
filhos da puta!
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